Agricultores do sertão sergipano afirmam: cuidar da terra é preciso
Medidas simples, como o uso de adubo orgânico e de defensivos naturais fazem a diferença
Os cuidados com a terra refletem na diversidade de alimentos presentes na mesa da família da agricultora Clésia de Meneses, moradora da comunidade Lagoa das Areias, município de Monte Alegre (SE). “Eu gosto de comer tudo da Caatinga, feijão, milho, mandioca, abóbora, melão, verduras e frutas. Principalmente, quando a gente tira da nossa horta, sem veneno, natural.
E não é só Clésia e sua família que podem se beneficiar das práticas agroecológicas. Saber como melhor cuidar dos plantios pode encurtar o caminho do alimento ao prato das famílias agricultoras. Entre as orientações, a de apostar em agroecossistemas mais diversificados, com maior capacidade de estocagem de água e em estratégias de reutilização desse recurso finito, indispensável à vida humana. No lugar de agrotóxicos, defensivos naturais. Tudo em nome da preservação do meio ambiente e da saúde humana. Por alimentos mais saudáveis, solos, fauna e flora limpos.
Para evitar que a forte incidência do sol prejudique a plantação, é comum a utilização do sombrite, que também pode ser feito com a palha de coqueiro ou capim. No trato com a terra, sugere-se o uso do adubo orgânico que contribui na absorção de nutrientes pelo solo e exclui componentes químicos em sua composição.
O agricultor experimentador Alcides Ferreira, da comunidade Lagoa do Roçado, também de Monte Alegre, sertão sergipano, lembra que é preciso evitar que insetos fiquem em meio às plantas. A observação é constante. O cultivo diversificado, segundo ele, também contribui para que uma planta proteja a outra. Alcides tira da terra cerca de 80% do que sua família consome. O caminho, ressalta, é o cuidado com a terra.
Quem também defende a importância da conservação do meio ambiente é o agricultor José Augusto, de Nossa Senhora da Glória. Ele, que pretende plantar árvores na região, conta que deixa de sair de casa no final de semana, para ficar apreciando as que estão perto de sua propriedade. “Elas estão cada vez mais raras, e tem gente que ainda pergunta: por que não derruba, já que não dá renda?”, diz. A resposta vem em forma de reconhecimento: “A Caatinga me dá tudo, daqui tenho meu sustento, planto, colho, crio, tudo meu é daqui. Vivemos sem desmatar, dividimos a área, e vamos fazendo rotativo, deixando a terra descansar”, frisa.
Essas experiências foram sistematizadas por jovens integrantes do Projeto ComJovens – Formação de jovens comunicadores(as) e sistematizadores(as) do Alto Sertão Sergipano, realizado pelo Centro Dom José Brandão de Castro em parceria com o Programa Semear.
Confira os cuidados com o solo que podem contribuir para fazê-lo prosperar: clique aqui.