Comitê Sergipano Popular pela Vida denuncia Aumento Acelerado de Óbitos em Sergipe
25 de junho de 2020 – Record de 30 ÓBITOS! Em oito dias, de 18 a 25 de junho, já são 154 mortes. Número que ultrapassa todo o mês de maio
Conforme dados dos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado da Saúde, já foram registradas, até ontem, dia 25, 554 mortes pelo novo coronavírus em Sergipe, sendo que 396, foram apenas nesses 25 dias de junho, o que representa 71,4% do total de mortes por COVID-19.
Frente ao expressivo crescimento das contaminações e mortes pela covid-19 em Sergipe, registrado nos últimos dias, o Comitê Sergipano Popular pela Vida (COPVIDA/SE) denuncia o aumento acelerado de óbitos por meio da Segunda Carta Aberta Sobre os Óbitos em Sergipe.
Em ofício protocolado ontem no Gabinete do Governador, o COPVIDA/SE, integrado hoje por 46 entidades populares, manifesta insatisfação pela falta de respostas aos documentos encaminhados no sentido de tentar buscar alternativas conjuntas para o enfrentamento da crise, inclusive com apresentação do Plano Popular de Enfrentamento à COVID 19 em Sergipe, protocolado no dia 8 de junho.
É inacreditável que o Estado de Sergipe, tenha reaberto serviços e ainda pense em abrir outros na segunda 29 de junho, quando o Estado se encontra com a taxa de ocupação de 86% das UTI’s públicas e privadas.
Criticando discursos que buscam opor vida e economia, as entidades que integram o COPVIDA/SE compreendem que essa é uma questão que nem deveria estar em discussão, visto que, como defendem no documento, “a vida é a condição fundamental para que todas as demais possibilidades humanas sejam realizadas. Não faz o menor sentido opor à vida qualquer outra alternativa, já que a vida é condição de todas as alternativas possíveis”.
Como medida principal, mas não única, para a preservação das vidas em Sergipe, o COPVIDA defende que o Governo do Estado determine, de forma imediata, o lockdown. “O Estado é o principal responsável pelo sucesso ou não do isolamento social. Infelizmente tal qual colocamos na Carta, podemos exemplificar que as pessoas só se conscientizaram da obrigação do cinto de segurança nos automóveis mediante blitz educativas e aplicação de multas. Essas medidas foram fundamentais para a redução de mortes no trânsito. Nesse momento, a rigidez com o isolamento por meio do lockdown, aliado a outras medidas de apoio a quem tem fome, é urgente por parte do Estado para evitar ainda mais óbitos pelo coronavírus”, destacou Lídia Anjos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos, que integra o COPVIDA/SE.
Representante da Coordenação Quilombola de Sergipe, Izaltina Santos chama a atenção para a realidade enfrentada por grupos mais vulnerabilizados da sociedade. “As prioridades paras comunidades tradicionais sempre foram deixadas para o segundo plano. Na pandemia nossa situação piorou, pois sequer temos acesso continuo à água, apesar de pagarmos alto esta conta. Há muita dificuldade de acesso aos benefícios, principalmente quem não está Cadastro Único do Governo Federal. A saúde das mulheres agricultoras e pescadoras é muito frágil em razão de nossas atividades. Tudo isso, aliado aos primeiros casos de contaminação pela covid-19 em nossos municípios, é o anúncio de um desastre sem medidas”, alerta.
Leia, em anexo, a íntegra da segunda Carta Aberta do COPVIDA/SE
2ª Carta Aberta do Comitê Sergipano Popular pela Vida sobre os óbitos por covid-19 em Sergipe
Considerando a retomada da abertura da economia determinada pelo Governo do Estado de Sergipe, a partir do dia 18 de junho, e frente ao crescimento acelerado dos casos de contaminação e morte por coronavírus em nosso estado, o Comitê Sergipano Popular pela Vida – COPVIDA Sergipe expressa ainda mais preocupação com a preservação da vida dos sergipanos e sergipanas.
Já havíamos nos manifestado publicamente no dia 15 de maio de 2020, por meio da
Primeira Carta Aberta direcionada ao Governador, chamando a atenção de que “em Sergipe é preciso que o governo do Estado continue a seguir os estudos científicos e analise a possibilidade concreta de aplicação do chamado lockdown, apontado pela UFS e Defensoria Pública de Sergipe, para evitar a superlotação dos equipamentos públicos e salvar o maior número de vidas”.
De forma trágica, foi justamente no dia 18 de junho, data de início da reabertura econômica no Estado, que atingimos o recorde diário de 26 óbitos. Infelizmente, o que havíamos exposto em termos de preocupação naquele documento, em consonância com os dados de pesquisas, se confirmou.
Não bastasse o dia 18 de junho, três dias após a retomada de alguns serviços, alcançamos, no dia 21 de junho, outro recorde de óbitos diários, 29 mortes no nosso Estado. Lamentar não basta! É preciso denunciar que os avisos vieram de várias fontes, inclusive pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste de Governadores.
Os dados dos óbitos são alarmantes! Até o final de abril tínhamos perdido 14 vidas no nosso Estado. No mês de maio morreram mais 144 pessoas. Agora em junho, até o dia 24, foram 366 vidas perdidas, totalizando 524 pessoas mortas pela COVID-19 até o momento em Sergipe.
Apenas do dia 18 até o dia 24 de junho tivemos 124 mortes, o que configura aceleração acentuada dos óbitos. Portanto, NÃO É MOMENTO DE CONTINUAR A RETOMADA DA ECONOMIA, MAS SIM DE EVITAR ÓBITOS E SALVAR VIDAS!
Diante desses dados, o COPVIDA Sergipe vem a público, mais uma vez, chamar a atenção para o seguinte:
- A vida é a condição fundamental para que todas as demais possibilidades humanas sejam realizadas. Não faz o menor sentido opor à vida qualquer outra alternativa, já que a vida é condição de todas as alternativas possíveis.
- Embora a responsabilidade pelo isolamento social seja também da sociedade, não é ela a responsável pelo não isolamento. É o Estado que tem que prover todas as condições necessárias para que a população possa realizar o isolamento social, principalmente quando uma grande parcela da sociedade não tem condições de fazêlo em razão da fome, devendo ser assegurado a todas e todos o direito à alimentação, produtos de higiene, emprego e renda. Temos certeza de que, nesse momento, isso só será possível quando a União Federal deliberar pela emissão de moeda para promover o bem estar do povo brasileiro. Só assim poderemos atender às comunidades tradicionais (quilombolas, ribeirinhas, costeiras, indígenas, povos de terreiro, ciganos), além de outros seguimentos que não estão recebendo nem o recurso do Cartão Mais Inclusão, no valor de R$ 100,00, do Governo do Estado, nem o Auxílio Emergencial de R$ 600,00, do Governo Federal, e nem cestas de alimento.
Enfim, é condição fundamental amparar estas populações, a exemplo de populações em situação de assentamento e ocupações, inclusive com testagem em massa.
- Em relação ainda ao isolamento social, este dever do Estado passa não só pelo amparo material para quem não pode fazê-lo. É imprescindível que o Estado seja rigoroso em relação à fiscalização do isolamento social, com a imediata decretação do LOOKDOWN. Como se pode ver, não foi pela consciência da população que a sociedade passou a usar obrigatoriamente o cinto de segurança em automóveis. Esse fato só foi possível a partir de blitz educativas, aplicação de multas, etc. Enfim, o papel do Estado foi fundamental para reduzir o número de mortes do trânsito e é fundamental para reduzir os óbitos durante a pandemia.
- É inacreditável que o Estado de Sergipe, que se encontra com a taxa de ocupação de 84% das UTI’s públicas e privadas, sem qualquer programa ou projeto de testagem em massa da população, com a curva de contaminação em crescimento, continue nessa aventura anticientífica e inconsequente de retomada da atividade econômica. É preciso que o governo determine um LOCKDOWN JÁ para salvar vidas!
5 – O Plano Popular de Enfrentamento à COVID-19 em Sergipe (Plano Popular pela Vida) foi protocolado no dia 8 de junho de e até agora não há nenhum retorno do Governo de Sergipe sobre essa iniciativa popular. O COGERE (Comitê de Retomada Econômica) e o CGE (Comitê Gestor de Emergência), que não possuem nenhuma representação popular, continuam a tomar decisões anticientíficas, em total descompasso com os dados de contaminação e mortes no estado de Sergipe
POR FIM, REAFIRMAMOS: NATURALIZAR OS CASOS DE MORTES ATÉ AQUI REGISTRADOS FERE A DIGNIDADE HUMANA, E AQUELES QUE O FAZEM, LAVAM SUAS MÃOS EM SANGUE.
Todas as Vidas Valem! Vidas Negras Importam!
Sergipe 25 de junho de 2020
Comitê Sergipano Popular pela da Vida
Integram o COPVIDA e assinam esta Carta:
- Afronte – Juventude sem Medo
- Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em
Saúde – ANEPS
- ASA – Articulação Semiárido Brasileiro
- Ásè Égbè Sergipano-Coletivo de Terreiros
- Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – Núcleo Sergipe
- ABRAPPS – Associação Brasileira de Pesquisadoras e Pesquisadores pela
Justiça Social
- Advogadas e Advogados pela Democracia
- Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária Sergipe
- Associação De Pescadores São José (Povoado Bolivar/Ilha das Flores)
- Associação de Pós-graduandos da UFS
- Casa de Mar – Espaço de Arte, Cultura e Educação Omiró
- CEAGEO – Centro Acadêmico de Geografia Alexandrina Luz/UFS Itabaiana
- Central Única dos Trabalhadores – CUT
- Centro Dom José Brandão de Castro – CDJBC
- Centro Cultural Eurukerê
- Coletivo de Mulheres Eurukerê
- Coletivo Paulo Freire
- Coletivo Resistência e Luta
- CONAL – Conselho Nacional do Laicato na Arquidiocese de Aracaju
- Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional
- Coordenação Quilombola de Sergipe
- CRILIBER – Quilombo da Maloca
- Federação dos Trabalhadores da agricultura de Sergipe – FETASE
- Fórum de Entidades Negras
- Fórum de Mulheres de Sergipe
- Grupo de Capoeira Mandingueiro
- Grupo de Estudos e Pesquisas Sobre Trabalho, Questão Social e Movimentos Sociais
- Instituto Amigos da Inclusão Social – IAIS
- Instituto Braços – Centro de Direitos Humanos de Sergipe
- Instituto de Estudos e Pesquisas Sócio Étnico Raciais Comunidade OJú Ifá
- Instituto Nacional de Inclusão Social – INIS
- Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
- Mídia Livre Os Caatingas
- Movimento de Artistas Periféricos
- Movimento dos/as Trabalhadores/as Sem Teto – MTST
- Movimento Humaniza Cidade
- Movimento de Marisqueiras de Sergipe – MMS
- Movimento da Mulher Trabalhadora Rural de Sergipe – MMTR
- Movimento De Mulheres Camponesa – MMC
- Movimento Nacional de Direitos Humanos de Sergipe – MNDH Sergipe
- Movimento Popular de Saúde do Estado de Sergipe- MOPS
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
- Movimento Tudo para Todos
- Pastoral Carcerária
- Rede Nacional Advogadas e Advogados Populares – RENAP (Articulação de Sergipe e Bahia)
- RENAFRO Saúde núcleo – Sergipe